CIÊNCIA E COMPREENSÃO DO MUNDO

14/02/2012 15:16

    No mundo nada acontece separadamente, tudo está interligado, relacionado a outros fenômenos e acontecimentos. Na busca do conhecimento, como tentativa de compreensão do homem e do mundo, não há espaço para o modo de pensar simplificador e reducionista. 

     Tornou-se prática insistente o raciocínio que identifica desenvolvimento como uma realidade que se reduz somente à dimensão econômica, desconhecendo-se outros fatores determinantes, tais como: social, cultural e ambiental. Muitos economistas, presos às suas certezas” teóricas e aos condicionamentos neoliberais, analisam a realidade somente pela ótica lógico-matemática.

     Na educação, especificamente, costuma-se culpar o professor pela má qualidade da educação e sem nenhuma reflexão sobre outros fatores determinantes, tais como a qualidade da política educacional (valorização do magistério através de capacitação para os professores, escolas equipadas com bibliotecas, sala de informática, laboratório de ciências e salários dignos), qualidade da política econômica (liberação de verbas para a educação para atender às demandas) e a atuação da família (acompanhamento da vida escolar dos filhos).

     Esta forma de pensar é simplificadora, pois reduz e unidimensiona a realidade, não mostrando as outras dimensões existentes.

     As ciências exatas, presas às suas certezas, não conseguiram resolver os problemas que atingem a humanidade. Faltam-lhes apego e relacionamento consistente com as ciências humanas, ou seja, com a Filosofia, Sociologia, História, Geografia e Antropologia. Os cientistas matematizam a realidade e esquecem de compreendê-la a partir das dimensões cultural, social e psicológica. As ciências produziram as suas certezas, mas foram incapazes de prever as incertezas que marcaram o século XX e continuam abalando o século XXI: doenças, fome, desemprego, violência, drogas, crises econômicas, analfabetismo, guerras, aquecimento global, etc.

      Os cientista devem construir as suas teorias, não a partir das determinações neoliberais, envolvidos pelos condicionamentos mercantis, mas referenciados nas demandas e necessidades humanas. A ciência deve estar sempre atenta à validade dos seus métodos e aos reflexos da aplicabilidade das suas teorias sobre a humanidade. Por isso, deve caminhar unida com a Filosofia, Sociologia, História, Geografia e Antropologia para melhor compreender as necessidades e aspirações humanas.
      Os problemas que invadiram o séc. XX servem de alerta e mostram, como necessidade premente, ações voltadas para pensar o mundo de forma multidimensional e a negação da idéia de verdade como coisa absoluta. Nesta linha de pensamento, Edgar Morin afirma que “A descoberta de que a verdade não é inalterável, mas frágil, constitui uma das maiores, das mais belas, das mais emocionantes do espírito humano”.

       E a carência desta compreensão constitui a grande limitação das ciências exatas que continuam pensando o mundo apenas a partir das fórmulas “infalíveis” e “eternas”.

 

Dagoberto Diniz